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Publicado em 17/03/2022
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Álcool ou gasolina? Veja como calcular o que compensa mais

Embora o mega-aumento de combustíveis aplicado pela Petrobras na última sexta-feira (11) valha apenas para a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, o motorista brasileiro viu subir também o preço do álcool (etanol hidratado). Quem quer economizar precisa fazer um cálculo para saber qual combustível vale mais a pena.

Segundo a empresa de gestão de frotas Ticket Log, que monitora os preços em cerca de 21 mil postos, o álcool vinha ficando mais barato nos últimos meses, mas voltou a subir a partir do reajuste da Petrobras na sexta.

O preço médio nacional do etanol saiu de R$ 5,56 nos dez primeiros dias do mês e subiu para R$ 5,706 entre os dias 11 e 15 (alta de 2,6%). Na mesma comparação, a gasolina teve alta de 8,1% –de R$ 6,939 para R$ 7,499.

 

VALE A PENA ABASTECER COM ÁLCOOL?

Para saber se compensa trocar a gasolina pelo álcool, é necessário fazer um cálculo que leva em consideração o rendimento de cada combustível. O consumidor deve dividir o valor do litro de etanol pelo valor do litro da gasolina. Se der até 0,70, o álcool compensa mais.

Isso ocorre porque, segundo o engenheiro Gabriel Branco, especialista em motores, um veículo abastecido com etanol rende, em média, 30% a menos do que se estivesse com gasolina. Por isso, para valer a pena, o litro do etanol deve custar até 70% do litro da gasolina.

Veja como fazer o cálculo simplificado e economize

  1. Multiplique o preço do litro do álcool por 100

     

  2. Divida pelo preço do litro da gasolina

     

  3. Se o resultado for 70 ou menos, isso indica que o etanol é mais vantajoso

    Com a média nacional mais recente apurada pela Ticket Log, o resultado do cálculo é 0,76. Ou seja, a gasolina é proporcionalmente mais vantajosa na maior parte do país. Mas o álcool costuma ser mais barato em estados do Sudeste e Centro-oeste, onde a produção de etanol é maior.

     

    O cálculo do rendimento do álcool em relação à gasolina também é uma aproximação. O valor de base (70%) pode ser maior ou menor, a depender do desempenho do motor. É preciso que o próprio motorista acompanhe o gasto e decida qual é o melhor combustível no seu caso.

    De acordo com Gabriel Branco, a melhor forma de verificar essa relação para cada veículo é por meio da etiqueta PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular). Este é um selo verificado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e traz detalhes do rendimento dos modelos flex, com álcool e gasolina, na cidade e na estrada.

    Por exemplo: na avaliação do Inmetro, um Chevrolet Onyx motor 1.0, ano 2021, rende 8,8 quilômetros por litro com álcool na cidade, e 12,8 km/l com gasolina. O cálculo de rendimento aponta que, para este motor, o etanol rende 69% da gasolina.

    O Inmetro informou que não há uma padronização para a divulgação deste selo nos veículos. Fontes envolvidas no processo de certificação afirmaram que montadoras que produzem carros pouco econômicos resistem a dar publicidade dos dados ao consumidor.

    As tabelas de avaliações de rendimento feitas pelo Inmetro podem ser consultadas neste link, pelo ano de fabricação e categoria do veículo.

    POR QUE O ÁLCOOL SUBIU JUNTO COM A GASOLINA?

    O mega-aumento anunciado pela Petrobras nos combustíveis teve como pano de fundo a disparada do barril de petróleo após a guerra na Ucrânia. Além disso, como a Petrobras adota uma política de paridade com o preço internacional, a desvalorização do real acumulada nos últimos anos pressiona os reajustes no Brasil.

    Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o aumento na gasolina trouxe uma maior procura pelo álcool como alternativa. "Mesmo com estoques suficientes para atender a demanda, há uma autorregulação do mercado, resultando em aumento no valor pago aos produtores", disse a entidade, em nota.

Publicado originalmente na Folha de São Paulo em 16/03/2022.