Notícias

Publicado em 24/03/2017
Compartilhe:

Manobra sorrateira para esfriar debate sobre reforma da previdência

O presidente Michel Temer (PMDB), ao anunciar a retirada de servidores municipais e estaduais da reforma da previdência, não fez uma proposta de alteração no texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 287, mas tão somente uma manobra política com eco midiático que não resguarda a sociedade da eliminação de direitos conquistados.

Ao fazer a declaração de retirar os estados e municípios, Temer tenta esfriar os movimentos sindicais contrários à reforma. Unido com a “mídia alternativa”, o movimento tem conseguido repercutir o tema fora do Congresso Nacional e pressionar deputados federais em suas bases de apoio, o que dificulta a intenção do governo de aprovar a reforma no afogadilho por meio de sua maioria parlamentar na Câmara.

Pela manobra de Temer, percebe-se que a verdadeira intenção é de alterar o texto constitucional que hoje veda o tratamento diferenciado a categorias iguais em âmbitos federal, estadual e municipal e, dessa forma, “jogar no colo” de cada governador a responsabilidade de alterar o regime previdenciário e, consequentemente, de arcar com o ônus das medidas.

Até porque, ao alterar o artigo, o presidente transfere para Estados e municípios a responsabilidade de aprovar o desmonte do sistema de proteção social dos trabalhadores.

Os pontos propostos pela reforma de Temer nos levam a crer que não se trata de uma reforma previdenciária o que está em trâmite, mas um severo ataque aos trabalhadores. A PEC 287 implode os direitos sociais e está sendo apresentada à população brasileira de maneira falsa pela propaganda governamental na grande imprensa.

Auditores já provaram várias vezes que o tão pregado déficit, que usam para justificar a reforma, não existe. O que existem são desvios dos recursos previdenciários para pagamento dos juros da dívida, das benesses concedidas via desonerações, anistias e falta de combate à sonegação.

Na prática, caso a "reforma" seja aprovada, grande parte da população brasileira irá morrer sem ao menos ter direito de usufruir de sua aposentadoria já que, principalmente a população mais pobre, mal chega aos sessenta anos de idade.

Além disso, quanto mais pobre, mais cedo a pessoa começa a trabalhar, de maneira que mais uma vez os menos favorecidos são os mais sacrificados.

Diante da investida nefasta do governo federal, visando à divisão da classe trabalhista brasileira, é fundamental que seja mantida a unificação de todos contra a reforma da previdência e intensificar a pressão sobre os nossos dez deputados federais (Givaldo Vieira, Helder Salomão, Sergio Vidigal, Evair de Melo, Jorge Silva, Carlos Mannato, Marcus Vicente, Paulo Foletto, Norma Ayub e Lelo Coimbra).