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Publicado em 22/03/2020
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Jornal O Globo propõe reduzir salário de servidores; fiscais respondem

Em editorial publicado na edição de sábado (21), o jornal O Globo (leia aqui) propôs que os servidores públicos deem sua cota de sacrifício neste momento com a redução dos seus vencimentos. Seria uma forma de os funcionários – que ganham muito mais que os da iniciativa privada, são estáveis e não estão ameaçados por cortes salariais – darem sua parcela de colaboração para que as finanças públicas tenham folga para enfrentar a pandemia de coronavírus.

O presidente da Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital), Charles Alcantara, escreveu artigo-resposta que inverte a equação proposta pelo jornal. Diz ele: a família Marinho, dona do grupo Globo, faz parte do grupo de 206 brasileiros que detém capital e patrimônio equivalente a R$ 9,2 trilhões. Se pagassem até 3% de taxas sobre esta fortuna, o governo teria dinheiro de sobra para sustentar todo o orçamento do Bolsa Família e do Ministério da Saúde.

Leia a resposta do presidente da Fenafisco ao O Globo:

Cada um dá o que tem

O Brasil possui 206 bilionários que, juntos, acumulam uma fortuna de mais de R$ 1,2 trilhão.

Esses 206 bilionários pagam proporcionalmente menos impostos que a classe média e os pobres.

Se o país criasse um imposto de apenas 3% por ano sobre a fortuna de R$ 1,2 trilhão, seria possível arrecadar R$ 36 bilhões anuais, valor superior ao orçamento de 1 ano de todo o programa Bolsa-Família.

A soma de toda a riqueza das famílias brasileiras é de cerca de R$ 16 trilhões de reais, estando a quase metade de toda essa riqueza – ou seja, R$ 8 trilhões – nas mãos de apenas 1 % das famílias.

Se o país taxasse o patrimônio trilionário dessas famílias em apenas 1%, seria possível arrecadar R$ 80 bilhões, o que equivale ao valor de toda a receita estimada em 2020 para o Estado de Minas Gerais, o segundo mais populoso do Brasil, com mais de 20 milhões de habitantes.

Façam as contas: R$ 36 bilhões cobrados sobre a renda dos 206 bilionários (+) R$ 80 bilhões cobrados sobre o patrimônio do 1% das famílias mais ricas (=) R$ 116 bilhões.

Esses R$ 116 bilhões a mais nos cofres públicos sequer representam sacrifício para esse punhado de bilionários, mas equivale a praticamente todo o orçamento federal da saúde.

Se chamados a contribuir um pouquinho mais com o país, garanto que nenhum desses bilionários deixaria de frequentar os melhores restaurantes do mundo, satisfazer todos os seus desejos mais extravagantes ou deslocar-se nos seus jatinhos executivos de última geração.

Os donos do jornal O Globo fazem parte dos 206 bilionários e também das famílias brasileiras que detém, juntas, um patrimônio de R$ 8 trilhões.

Em editorial publicado no jornal de sua propriedade, edição desta sexta-feira (20), a bilionária família Marinho defendeu a redução dos salários dos servidores públicos como forma de colaborar com a crise gerada pela pandemia da Covid-19.

A família Marinho não se dispõe a abrir mão de uma parcela insignificante da sua fortuna para ajudar o país, mas se acha no direito de propor que os servidores públicos sejam confiscados em seus salários.

A contribuição em termos monetários que O Globo se dispôs a oferecer ao país num momento tão dramático foi um editorial indigno, desonesto e covarde.

Cada um dá o que tem, não é mesmo?

Charles Alcantara

 

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