Texto: Weverton Campos
Este é um Dia do Trabalhador, ou do Trabalho, diferente.
A data, que surgiu em 1886 com grandes manifestações de trabalhadores dos EUA em busca de melhores condições, já que à época era comum trabalhar até 100 horas por semana, se mistura ao maior desafio da humanidade das últimas décadas.
A luta marcada pelo sangue dá as mãos à luta pela vida - no caso dos atingidos pela pandemia do coronavírus -, e pela sobrevivência - no caso daqueles que têm perdido o direito de exercer o que dignifica o ser humano por conta das medidas de combate à covid-19, que acabam impactando a economia e, de igual modo, o mercado.
Nada pior para o cenário brasileiro, que já apresentava milhões de pessoas desalentadas. Ainda antes do agravamento da pandemia já eram 12,9 milhões de cidadãos que não contavam com fonte de renda - fundamental para garantir os direitos mais básicos, como alimentação e moradia.
Além dos trabalhadores da iniciativa privada - duramente afetados pela perda dos seus postos de trabalho, da suspensão de seus contratos ou da diminuição dos seus salários -, os servidores públicos - dos quais boa parte se encontra justamente na linha de frente de combate ao coronavírus - também veem ameaças pairando no horizonte, como congelamento o de suas remunerações, já muito corroídas pela inflação e/ou pela falta de reposição inflacionária por parte dos governos.
Isso sem contar com as ameaças veladas de cortes de jornadas e salários, sob o discurso de que o serviço público - mesmo extremamente atacado, desvalorizado e precarizado nos últimos tempos - também tem que dar sua parcela de contribuição para o difícil momento.
Como se pode ver, este é um Dia do Trabalhador diferente.
Mas o Sindifiscal, enquanto legítimo representante dos Auditores Fiscais da Receita Estadual e dos Auxiliares Fazendários do Espírito Santo, não poderia deixar de, nesta data, homenagear todos os trabalhadores do nosso país, em especial as carreiras que representa.
Graças aos Auditores Fiscais e Auxiliares Fazendários do Espírito Santo, que seguem trabalhando arduamente nesta pandemia, que o Estado tem a situação fiscal necessária para cuidar da população adoecida, seja com a manutenção dos serviços públicos existentes, seja com a compra de equipamentos ou com a contratação de novos profissionais de saúde.
Também não podemos deixar de homenagear, de forma especial, todos aqueles profissionais que se encontram à frente dos serviços essenciais à população, como policiais, médicos, enfermeiros, jornalistas, bombeiros, fisioterapeutas, auxiliares e técnicos de enfermagem, farmacêuticos, trabalhadores do comércio, entre tantos outros.
Terminamos essa mensagem parafraseando o papa Francisco que, neste 1º de maio, pediu emprego digno para todas as pessoas do mundo. O pontífice fez um apelo para que não falte emprego a nenhuma pessoa, todos sejam justamente remunerados e possam desfrutar da dignidade do trabalho e da beleza do descanso.
"O trabalho dá a dignidade. Dignidade tão pisoteada na história. Ainda hoje existem muitos escravos, escravos do trabalho para sobreviver. Trabalhadores forçados, mal pagos, com a dignidade pisoteada", exclamou o sacerdote argentino.
Que façamos deste 1º de maio uma oportunidade para refletir sobre o desafio que estamos vivendo; de nos solidarizarmos uns com os outros, independentemente de carreira, condição social, ideologia política e credo; e nos unirmos por uma reforma social que torne nossa nação uma terra muito mais justa e digna não só para alguns, mas para todos os cidadãos brasileiros.